Gustavo Maia Gomes
Minha
mãe, Maria Stella, conservava ótimas lembranças dos anos passados no Colégio
Santa Sofia de Garanhuns (PE), que ainda hoje existe. Morando em Atalaia (AL),
onde seu pai tinha uma usina de açúcar, ela foi estudar naquela cidade do
Agreste Setentrional pernambucano, que atraía muitas moças do vizinho estado.
Como alunas internas, naturalmente.
Conversando
com os filhos sobre seus tempos em Garanhuns, Stella recordava com respeito e
gratidão, dentre as professoras, especialmente, de Madame Verônica. O Santa
Sofia é das Irmãs Dorotéias, congregação cuja sede fica na Bélgica; a mesma do
Colégio Damas, no Recife. Também se referia ela, com simpatia, ao Monsenhor
Callou, provavelmente, o capelão do Colégio.
Em
1 de julho de 1957, aconteceu em Garanhuns o assassinato de Dom Expedito Lopes
pelo padre Hosana. Monsenhor Callou foi o primeiro a prestar assistência ao
bispo. Mais tarde, durante o julgamento do criminoso (que as rádios do Recife
transmitiram ao vivo), Monsenhor Callou seria difamado pelo advogado do réu,
numa estratégia de defesa que suscitou a indignação de Stella.
Das
suas colegas-amigas, conheci, muito depois, Maria Augusta Santos (Beltrão, por
casamento). Foi minha dentista. Convivi com seus filhos José (o futuro
maestro), Cândida (que cantava maravilhosamente bem) e Alcina, nos anos 1960,
durante férias de verão nas praias de Conceição e Maria Farinha (município do
Paulista, Região Metropolitana do Recife).
O
nome “Lili Maciel” também me soou familiar, depois que me foi relembrado (via
Facebook) por seu sobrinho Paulo Henrique. Há duas fotos de uma mesma
reunião no Colégio Santa Sofia (em 19/9/1937) com dedicatórias de “Lili” para
Stella. Inclui-as no álbum que acompanha esta postagem. Seria essa a mesma
“Lili Maciel”? Talvez o sobrinho dela possa dizer.
As
aulas do Santa Sofia, não sei se todas, eram proferidas em francês, o que deu a
minha mãe certo conhecimento da língua. Constatei isso quando tive que estudar
(no Colégio Marista do Recife, anos 1960) o idioma de Voltaire, Dumas, Balzac,
Stendhal e de tantos outros intelectuais de primeira grandeza (em nada
parecidos com os economistas franceses de hoje).
Stella
me ajudou muito, naquele tempo. Ela se surpreendia com minha desenvoltura ao
repetir pela casa, em altos brados, as lições aprendidas com o “irmão” Jorge. O
meu devia ser, à época, um francês de derrubar avião.
Garanhuns,
servido por estradas de ferro que, desde o final do século XIX, conectavam a
cidade com o Recife e Maceió, assim como com os interiores dos estados de
Pernambuco e Alagoas, foi um polo educacional importante, entre 1900 e 1950.
Além do Santa Sofia, tinha mais dois colégios de
grande porte e prestígio: o Diocesano (onde meu pai estudou, poucos anos antes
de Stella) e o XV de Novembro. Este último, presbiteriano. Todos esses colégios
já ultrapassaram os cem anos de existência e continuam em funcionamento embora
atendam hoje, penso eu, mais à população da própria cidade.
(Publicado em Facebook em 6/12/2017)
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